domingo, 31 de julho de 2011

Funarte: Uma luta pela Liberdade da Cultura!

A primeira parte desse texto refere-se ao que declaramos em Assembléia como parte de nosso Manifesto.


FUNARTE: pode entrar, a casa é de todos
Segunda carta produzida pelo Movimento dos Trabalhadores da Cultura sobre a ocupação da sede paulistana da FUNARTE


Desde segunda-feira, 25 de julho de 2011, os trabalhadores da cultura ocupam a sede paulistana da FUNARTE (Fundação Nacional das Artes). Por mais de 10 anos de inoperância, ou operando com migalhas distribuídas por meio de editais sem periodicidade, insuficientes e usados para conter a organização da classe trabalhadora, a FUNARTE chega à falência.

Em socorro a esta instituição, e com aval da última diretoria fantoche, nós trabalhadores da cultura precipitamos sua revitalização – não mais como órgão mediador e contentor das demandas dos trabalhadores, mas como espaço vivo, autogestionado, com produção intensa de cultura, pensamento, participação e rebeldia.

Os portões estão fechados mas a casa está aberta. Temos medo. O Estado detém o monopólio legal da violência e suas forças armadas (polícias federais, estaduais, municipais e exército). Não temos armas, e garantimos nossa segurança e a vitalidade do espaço com portões cerrados aos representantes deste Estado. A casa está aberta.

É preciso também destacar que não houve ameça aos funcionários da FUNARTE. O SINDSEF-SP (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal de São Paulo), que representa também os funcionários da FUNARTE, está inclusive apoiando nossa ocupação, e neste sentido tornou pública uma carta chamada, sintomaticamente, “Pelo respeito ao direito de lutar!”

Nestes dias de exceção, este prédio experimenta sua verdadeira vocação a espaço de cultura. Ensaios de grupos teatrais, de bandas musicais, grupos de maracatu, estudos conjuntos, são realizados ao lado das tarefas de limpeza, segurança, alimentação, infra-estrutura, comunicação, programação, etc., por meio de grupos de trabalhos rotativos. Sindicatos, movimentos sociais e organizações artísticas de todo o Brasil se solidarizam com esta luta. Doações de alimentos, moções de apoio e a participação direta na ocupação, referendam o acerto de nossa impaciência.

É curiosa a afirmação de que não dialogamos. Os acordos firmados e construídos durante mais de 8 anos foram ignorados por esta administração que se comprometeu com a continuidade. É consenso publicado, desde a presidente Dilma ao presidente da FUNARTE Antônio Grassi, que são favoráveis a todas as nossas exigências. Tanta desfaçatez nos faz crer que o Estado é uma estrutura anti-popular e existe em função dos interesses do capital

Um governo que se diz de esquerda, deveria agradecer e fomentar a participação e mobilização popular que são a força motriz na construção de novos paradigmas sociais.

Todo trabalhador quando faz arte coloca o mundo às avessas.

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Eu sonho apenas que cada pessoa possa seguir meu próprio caminho a partir da consciência do mundo, um processo onde se toma conhecimento de sua posição no mundo é um processo de perceber sua a posição na sociedade e sua posição dentro do capitalismo.

Quando se ignora o capitalismo se ignora sua posição nele, seu estado de espírito, sua vida e sua coerência de ação se perde e a noção do que se fazer.

Alguém que afirma se por contra essas amarras é muitas vezes confundido por lutar contra elementos dessa prisão. Em nossa sociedade temos pessoas que se usam de um discurso libertário e que afirmam estar contra a repressão e reprimem mais do que uma porta com ferrolhos de ferro medievais.

A violenta da miséria, criada pela exploração do trabalho cria uma série de elementos simbólicos que a força ide do que a da violência simbólica que justifica essa relação de repressão.

Por muitos anos o mais disfarçado elemento de luta foi o Tropicalismo, os elementos do que é libertário acabam se tornando uma poderosa libertinagem.

É difícil ver que o capitalismo sequestra a Cultura e com textos bem escritos geram e a fome e fazem uma linguagem apolítica de analfabetismo, cheia de repressão, resignação, intimações, etc..

Eu estou aprendendo cada dia mais que existem exércitos estratégicos de violência como os do Teatro Oficina que se colocou como um aliado, mas na verdade seu líder o parnasiano Zé Celso.

Estivemos em apoio à grupos sem teto e do MST, ouvimos boatos de ameaças e sombras e ameaças. Próximos à nós tentamos auxiliar outros trabalhadores na luta por melhores condições de sobrevivência.

A Polícia Militar cumpriu naquela manhã de sexta-feira uma sentença de reintegração de posse que deixou 200 pessoas, incluindo crianças e idosos, sem moradia. As famílias de sem teto ocupavam um prédio em condições precárias na alameda Nothmann, em Campos Elíseos, na região central. Quase parede com a Funarte.

Os moradores deixaram o prédio pacificamente e decidiram montar um acampamento em frente ao imóvel para aguardar um posicionamento da prefeitura sobre atendimento habitacional para as famílias.

Uma decisão judicial tomada na terça-feira pela juíza Márcia Cardoso, da 37ª Vara Cível de São Paulo. Segundo a sentença, "o imóvel é conhecido pela Secretaria Municipal de Habitação como objeto de 'assentamento'".

De nossa “Ocupação de Cultura” tentamos um processo de democratização concreta da democracia formal, onde um posicionamento estratégico tem de ser lançado contra um sistema que empobrece o corpo e a alma.

As portas de nossa ocupação deveriam de estar abertas às Multidões. E não somente seguindo aos interesses financeiros individuais, como Zé Celso constantemente se dispõe fazer.

Zé Celso é um individuo que baseia seu modo de ver e existir num niilismo dionisíaco, uma marcha pela estética que presa que as pessoas tenham de transar com ele para poder fazer teatro. Um falso revolucionário da liberdade que comete as mesmas orgias que muitos políticos corruptos fazem. Ele, em palavras mal escritas, esta pouco se fodendo para nossas necessidades.

Particularmente não sou contra as orgias, sou apenas contra a coerção sexual. Muito pelo contrário... Sou um defensor dela como emancipadora da consciência e justamente por isso não acredito que alguém que quer fazer um teatro diferente tenha de fazer sexo com seu diretor de cena obrigatoriamente.

Quando falamos da cultura que produzimos, falamos da constante realidade. O micro e macro cosmo de cada elemento vivo. E muitas vezes os elementos se confundem, a vida se confunde, a realidade se mostra com várias facetas. Porém essa luta é uma luta por nossa necessidade de viver e poder fazer arte.

É impossível ao faminto expressar o que sente ignorando sua fome! Isso é o que Zé
Celso precisa admitir para os que o seguem e não mais esconder.

Quando ele diz que: "a responsabilidade que temos nós artistas de produzir, na batucada cambiante de ritmos da Vida, a criação de Novos Valores Comuns que são Infraestrutura em que tudo se baseia." ele nega a real infraestrutura: comida, bebida.

É como diriam os Titãs: "A gente não quer só comida..." Mas se nem comida se pode ter, como eu posso esperar por diversão e ballet?

A contradição do Zé Celso se expressa nos milhões que possue, basicamente em seu poder financeiro que permite sua grandeza estética e espalhafatosa de teatro filmado. Porém muitos vão até suas peças assistir uma sessão pornô.

Adoro sexo, mas não preciso do Zé Celso me dizer como devo transar. O sexo é uma arma poderosa de manipulação. O próprio Zé sabe disso, falando de forma a sempre lembrar da repressão como argumento para se por como único caminho para a satisfação sexual.

Em seu aforismo hipócrita ele gera uma dúbia interpretação que o faz parecer atuar contra o Estado de coisas. Como no trexo abaixo:

"Na Arte do Teatro por exemplo buscamos conhecer o mundo e por conta disso eu acredito que existe o mundo Social e o Cósmico em nosso corpo, e decobrimos quanto fomos colonizados quando descobrimos nossas pulsões vitais. Então vamos espatifando camadas e camadas de Meascaras, Couraças, com que a “Sociedade Colonizadora de Espetáculos” nos civilizou.E fazemos isso sempre juntos onde buscamos o desenvolvimento máximo do nosso Potencial Individual e Coletivo. Nessas buscas criamos a energia, o combustível, o axé que devolve a nós todos colonizados, nossa percepção de termos Poder Humano de Liberdade e Criação para agirmos desconstruindo os velhos sistemas para nascerem novos."

E toda essa civilização mostra-se sempre ligada aos interesses de uma classe social economicamente dominante! Negar isso é de uma burrice tremenda, uma cegueira plena que não faz nenhum sentido. Porém pouco abaixo ele cria um texto neutro, apático que não prova nenhum posicionamento.

"Percebemos, fomos nós bichos humanos que criamos Estado, Corporações, Partidos, Religiões, Ciências, Economias, Sistemas, e que cabe, a partir de nós mesmos e de nossa Arte, intervir no que foi criado mas que agora no momento, empata, congestiona, enfarta, o movimento natural de procriação viva da natureza e das máquinas que nos servem. Enfim o belo verso de Marx: as forças de produção através dos mortais reunidos, mudam as relações que emperram o fluxo das pulsões vivas."

Citando inclusive Marx, que é uma referência que ele negou plenamente ao afirmar que nós nem somos trabalhadores.

"Tive a sorte de fazer uma ponta numa novela da Globo, e minha idenização pela Tortura ter chegado. Com esse capital, e algum dinheirinho que pinga na Casa de Produção do Oficina Uzyna Uzona, vou juntamente com todos que tem alguma coisa no Tyazo = Grupo de Teatro, compartilhando dinheiro, comida, cama, e buscando o dinheiro que precisamos pra podermos fazer a festa que queremos fazer dia 16."

Eu adoraria saber que provas ele tem sobre essa falsa tortura, que nunca aconteceu! A ditadura nunca colocou a mão nele... Porém seu claro desinterese por nossa luta e sua falsa cara de apoiador e sua canalice se fazem presentes depois.

"Mas quando eu disse que nós da Cultura não éramos “trabalhadores”, que vão à uma fabrica construir um carro e receber um salário mas sim “Cultivadores da Cultura”, o Tabu “Trabalhador” trouxe o inconsciente colonizado do Imaginário e do Repertório dos Gestos Clássicos do Trabalhador do século 19, dos Braços Cruzados ameaçadores dos Facistas Romanos, expelido por uma energia de bomba atômica recalcada de Ódio."

Não foi tão simples, é dificil para mim mero mortal que não tem um teatro igual ao do Zé e não tem sua influência explicar como ele desmereceu todos nós e tentou desconectar nossa luta como uma luta vinda diretamente da classe trabalhadora.

Em momento algum os expulsamos, em nossas fileiras existem pessoas ligadas à militância por uma democracia direta...

Depois dele dizer que não era um trabalhador, o que de fato eu devo concordar, passamos a ignora-lo e então eles quiseram sair.

Pessoalmente coordenei a equipe que fez com que essas pessoas, defensoras de nossa miséria, saissem em fila de 1 aos gritos de que eu era um Nazista.

Eu respondi ao Zé que Nazismo é usar de uma influência poderosa para fazer pessoas o seguirem cegamente como um deus. Me seguram achando que eu iria agredi-lo...

Quando ele estava para sair dançou na porta zombando de nós, temi que alguém do governo à quem Zé representa pudesse entrar nessa hora. Eu então o abracei e falei para os outros dos nossos colegas que Zé Celso decidiu ficar. Ele então perdeu o rumo, não sabia o que dizer. Sem graça e envergonhado o poderoso ditador do modo correto de viver e fazer teatro se encolheu e saiu pela porta.

É simples perceber a quem Zé Celso é subordidado apenas ao ver a estrutura física do Teatro Oficina. Essa estrutura física é que de fato chamamos de infraestrutura. É essa a real fonte de caráter e luta. O mundo material. Não se sonha sem cérebro, não se pensa sem comida na mesa...

Que Zé viva seu caminho se opondo aos meios que os trabalhadores tem para enfrentar o sistema. Eu continuo minha luta, aceitando tudo que o coletivo da Funarte declarar.

Não estamos isolados, apenas nos protegendo... E Zé mesmo declara que não nos quer com dinheiro para trabalhar. E podemos ver isso dele mesmo.

"Escrevi nas eleições presidenciais um texto de apoio a Presidente Dilma Roussef, mesmo sentindo que na época ela como Caetano Veloso, não percebiam a importância no Governo Lula, do Ministério da Cultura potencializado em seu Orçamento pela primeira vez na História do Brasil e germinando uma Primavera Cultural para explodir no ano de 2011."

Essa primaveira vira, Zé... Mas não é pelas mãos do governo para quem você oferece seu cu constantemente e sim porque vocês que caçam os trabalhadores de todos os setores um dia irão tremer diante do poder despertado das pessoas, TODAS as pessoas oprimidas, se manifestar.

Aí quem sabe Zé Celso, seu nazismo também termine. Quem sabe nesse dia nós não tenhamos de nos esconder. Enquanto isso, um dos nossos o tachou como "uma bomba de hidrogênio estética".

Vá trocar uma idéia com Silvio Santos... Quem sabe ache o conteúdo intelectual que te falta no Baú da Felicidade.


Gláucio Gonzales,
Por um direito de viver uma cultura de viver direito.

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